As tradições folclóricas estão repletas de descrições de seres extraterrestres e suas naves, observadas sob circunstâncias insólitas e não compreendidas por nossos antepassados.

A história de Bep-kororoti foi contada de geração em geração pelas tribos indígenas do norte do Brasil e sugere um contato alienígena em um passado remoto na Amazônia, onde um antigo astronauta desembarcou de sua “canoa voadora” e ensinou grandes conhecimentos aos nativos.

 

A primeira publicação da história de Bep-kororoti apareceu na revista brasileira “O Cruzeiro”, quando o pesquisador e autor suíço Erich von Daniken veio ao Brasil lançar sua obra “Eram os Deuses Astronautas?”, de 1968. Fascinado por esta história, Daniken interessou-se em filmar o astronauta da tribo indígena Kayapó.

A tribo Kayapó comemora anualmente a chegada do enigmático Bep-kororoti, vestindo um traje de vime semelhante ao de um astronauta moderno. Porém, os rituais indígenas acontecem sem previsão e faltou uma oportunidade apropriada. Assim, Dãniken transcreveu a lenda de Bep-kororoti descrevendo-o como um guerreiro do espaço em seu livro “Semeadura e Cosmo”, de 1972.

A fantástica história do Bep-kororoti assume veracidade porque é ensinada na escola tribal “Casa dos Homens”, que os índios chamam de Eng-ób.

Contam os índios que Bep-kororoti pousou na Cachoeira Tipôtikré, especificamente em uma montanha situada entre os rios Fresco e Riozinho, afluentes do Rio Xingu, no sul do Pará e teria vivido e miscigenado com seus ancestrais.

A história é contada pelo Guey-babã, o sábio ancião da tribo:

“Nossos avós contam que os Men-bengôkré (nome original dos Kayapó que significa ‘gente que veio do buraco da água’) eram nômades e viviam da caça e pesca. Uma noite estavam acampados ao pé da Serra Pukatôti, uma montanha que causava desconfiança e medo porque estava sempre coberta de brumas e misteriosos barulhos, seguidos de relâmpagos.

Naquela ocasião, o barulho e os relâmpagos foram provocados por um objeto voador que passou sobre eles e parou no alto da montanha. Pela manhã, os guerreiros mais valentes foram verificar os vestígios. Quando iam subindo a montanha apareceu entre as brumas um Kuben, um estrangeiro grande, um invasor com aspecto físico esquisito.

O Kuben tinha um olho só, sem que aparecessem boca ou nariz. Não possuía cabelos e estava armado com uma poderosa clava que lançava raios que desintegravam pedras e árvores. Quem tentava agarrá-lo levava um choque tão forte que caía desacordado.

Enquanto os guerreiros lutavam bravamente, o invasor mostrava-se indiferente, sabendo que ninguém podia com ele. Quando eles perceberam que, apesar de forte e poderoso, o adversário não queria matá-los, desistiram da luta e fugiram.

Algumas vezes, o Kuben era avistado nas trilhas da montanha, sem que fosse perturbado pelos guerreiros, que preferiam ignorar sua presença.

Uma certa tarde, alguns jovens foram banhar-se num lago e avistaram outro invasor. Porém, ao contrário do gigante das montanhas, este era bonito, tinha a pele clara, era alto, esguio e forte, e estava no banho completamente nu. O estranho também avistou os Men-bengôkré, mas pareceu indiferente a sua presença, agindo com naturalidade.

Os guerreiros foram olhá-lo de perto e tentaram falar com ele. O estrangeiro então disse que se chamava Bep-kororoti, que tinha chegado do céu e havia sido atacado por eles na montanha. Os jovens ficaram surpresos e disseram: ‘Não, nós atacamos um monstro’.

O viajante do espaço mostrou a roupa protetora que havia tirado para tomar banho, e que estava no chão. Os jovens ficaram alegres com a descoberta e levaram o estranho para o acampamento.

Pouco a pouco, os aldeões foram atraídos pelo estranho por causa de sua boa aparência, a brancura brilhante de sua pele e sua bondade para com todos.

Traje Bo dos índios Kayapó.

Bep-kororoti é descrito como sendo alegre e esperto, ensinou os índios a construir uma aldeia circular e uma praça com a escola tribal, que funcionava como centro de atividades com cânticos, danças e trabalhos manuais para melhorar o Djudé (arco), a Kruá (flecha) e a Kô (borduna, uma arma cilíndrica e alongada de ataque e defesa). A Kóp, a clava utilizada pelos indígenas para ataque e defesa, foi copiada da poderosa espada triangular que Bep-kororoti portava.

Além disso, o misterioso visitante organizou a liderança na tribo, instruindo que o chefe da aldeia, chamado de Benadiôro, precisava ser atencioso com seu povo e determinou que o Conselho de Anciãos da aldeia teria que ajudar o chefe a tomar decisões, e assim o povo Kayapó estabeleceu suas bases de funcionamento.

A história também conta que Bep-kororoti casou-se e teve filhos entre os índios.

Com o passar do tempo, o comportamento de Bep-kororoti mudou, e ele passou a conviver mais tempo junto de sua filha, chamada Niôpoti, nas proximidades da Serra Pukatôti.

Um dia, durante uma caçada, ele discutiu com os companheiros e sumiu no mato. Por alguma razão, cobriu sua família com uma pintura preta e a deixou num abrigo. Em seguida, vestiu seu traje, chamado de Bô, e armado com sua Kóp, a clava que atirava raios ofuscantes e desintegradores, desafiou a tribo.

Os Men-bengôkré pensaram que ele havia enlouquecido e procuraram dominá-lo à força. Porém, como os índios já haviam percebido por ocasião da chegada do visitante à montanha, ele era invencível.

Bep-kororoti subiu a Serra Pukatôti e, momentos depois, foram ouvidos trovões e raios e sua “canoa voadora” foi subindo ao céu envolta em fumaça e relâmpagos, até desaparecer nas nuvens.

Niôpoti, sua filha que era casada e estava grávida, ficou na aldeia, enquanto o resto da família de Bep-kororoti desapareceu junto com ele.

“Bep-Kororoti desapareceu no ar em meio a nuvens de fogo, fumaça e trovões. O chão foi sacudido pela explosão de tal forma que as raízes das plantas saltaram, e a floresta desapareceu, e a tribo começou a sentir fome”, conta o sábio Guey-babã.

Após a partida de Bep-kororoti, a região foi assolada por mudanças climáticas, o povo passou grandes necessidades e as doenças mataram muita gente.

Foi então que Niôpoti falou ao marido que podia ajudar na solução dos problemas, mas ambos teriam que subir a Serra Pukatôti para obter ajuda. Como a montanha era proibida, Niôpoti custou a convencer seu marido e, quando finalmente chegaram no topo, ela cobriu-se e a seu filho com tinta preta. Depois, sentou-se numa espécie de canoa e pediu ao marido que esperasse sua volta. Feito isso, provocou um tipo de explosão e o objeto no qual estava sentada voou e sumiu por entre as nuvens.

Dias depois, outra “canoa voadora” desceu do céu trazendo Niôpoti, seu filho, o irmão e a mãe. Todos trouxeram remédios, alimentos e sementes, porém depois de os entregarem, voltaram para o espaço sideral e desapareceram.

Atendendo às recomendações de Bep-kororoti, Niôpoti levou o povo para morar na Serra Pukatôti. No alto da montanha sagrada, eles encontraram o que chamaram de Men-baban-kent-kré, as “casas de pedras feitas pelos Deuses”, e o grupo passou a habitar tais casas por muitas e muitas gerações.

Essa é a história de Bep-kororoti, o Kuben que chegou em uma “canoa voadora” e mudou a vida dos Kayapó.