Sua descoberta foi feita na Bolívia, na década de 1960, por um camponês em terras privadas que pertenciam à família Manjon, localizada em Tiahuanaco, um importante sítio arqueológico, perto do lago Titicaca a cerca de 72 quilômetros da capital La Paz.

Um morador local a batizou de Fuente Magna junto com o arqueólogo boliviano Max Portugal-Zamora, no entanto, ele só foi divulgado por meio de uma expedição feita à área na década de 1990.

 

A Fuente Magna é uma grande tigela de barro, cuja peculiaridade está em seu interior que é coberto por uma escrita cuneiforme.

Tudo o que se sabe sobre este objeto é bem recente.

A Fuente Magna esteve em posse de família Manjon que a entregou à prefeitura de La Paz em troca de uma propriedade nos arredores da capital, de acordo com os registros do Museo de Metales Preciosos, onde esta exposta até hoje.

No ano 2000, pesquisadores de várias áreas realizaram uma análise detalhada da Fuente Magna. Eles atribuíram sua origem às cerimônias religiosas destinadas à purificação nas primeiras civilizações humanas.

Fotos também foram enviadas a linguistas de todo o mundo para suas opiniões e o professor italiano Alberto Marinie foi o primeiro, seguido por outros, a concluir que a Fuente Magna tinha a escrita cuneiforme da Suméria.

No entanto, o professor norte-americano e Phd Clyde Winders, que tem vasta experiência em escrituras e línguas antigas e concentrou seus estudos na busca de relacionamento dos povos africanos na América pré-colombiana, após analisar a escrita, chegou à conclusão de que não era exatamente suméria, mas sim uma linguagem mais antiga, proto-saariana ou proto-suméria, e que os sinais que haviam ali eram muito mais antigos do que se pensava, sendo inevitável associá-la à escrita encontrada em Puma Punku, outro sítio arqueológico importante da região, repleto de templos e monumentos.

Em seu estudo “Decifrado la escritura cuneiforme en el cuenco de la Fuente Magna”, Winters, usando apenas material ortodoxo, ofereceu uma tradução completa do artefato:

“Aproxime-se de uma pessoa dotada de grande proteção no futuro em nome da grande Nia. Este oráculo atende as pessoas que desejam alcançar a pureza e fortalecer seu caráter. A Divina Nia espalhará pureza, serenidade e caráter.
Use este talismã para fazer germinar sabedoria e serenidade em você. Usando o santuário apropriado, o unguento sagrado, o sábio jura seguir o caminho justo para alcançar a pureza e o caráter. Oh sacerdote, encontre a luz única para todos os que desejam uma vida nobre”.

De acordo com os textos antigos, Ni-ash (Nia ou Nammu) era a deusa suméria de aparência anfíbia ou reptiliana e relacionada a água, aos oceanos e a fertilidade, foi a criadora do Céu e da Terra, esposa de An e mãe de Enki, e junto com ele e Ninmah moldou a raça humana a partir do barro.

Representação da Deusa Nia dentro da Fuente Magna.

Dentro da Fuente Magna pode-se ver uma representação da Deusa Nia. Junto com figuras que foram interpretados como linguagem Quellca, que corresponderia à civilização Pukara, uma cultura pré-incaica que se desenvolveu na região entre os anos 200 a.C. e 600.

Por sua vez, do lado de fora da Fuente Magna, os baixos-relevos de animais, como peixes e cobras, apresentam certa familiaridade com a cultura Tiwanaku, que habitou na região entre os anos 500 e 950 e construiram as primeiras cidades andinas.

Exterior da Fuente Magna

Como é possível que haja inscrições pré sumérias em uma tigela encontrada perto do lago Titicaca, cerca de 3.800 metros acima do nível do mar, distante dezenas de milhares de quilômetros do local de expansão da civilização suméria?

Neste sentido, existem duas teorias: de acordo com a primeira, a Fuente Magna foi adquirida no Oriente Médio por um viajante anônimo e deixada na Bolívia, mas esta teoria, no entanto, não explica os símbolos perfeitamente esculpidos da cultura boliviana de Puma Punku.

A segunda teoria, que alguns arqueólogos têm apoiado, é que a Fuente Magna teria chegado à América em tempos arcaicos, comprovando que diversas civilizações antigas teriam mantido contato e, de algum modo, cruzado continentes com milhares de quilômetros de distancia.