Gigantismo e acromegalia são distúrbios raros causados por uma hipófise hiperativa, que libera muito hormônio do crescimento e afeta cerca de 3 pessoas por milhão, mas é surpreendente a frequência com que os gigantes são mencionados na Bíblia, nas antigas mitologias grega e nórdica e especialmente nas lendas americanas.

O Codex A do Vaticano, um livro de 101 páginas com relatos dos europeus da época da colonização espanhola, contém gravuras e histórias do povo Asteca capturando um humanoide gigante que eles chamavam de Quinametzin.

 

Outros relatos astecas traduzidos após a chegada dos espanhóis, falam sobre um herói, um gigante chamado Tzilacatzin, e quando os conquistadores entraram pela primeira vez em Tenochtitlan, a capital do Império Asteca, o gigante Tzilacatzin jogou três pedras enormes, que diziam ter sido usadas para construir os muros, fazendo com que os espanhóis fugissem.

Gravura do Codex A do Vaticano.

As histórias sobre gigantes também estão presentes em diferentes culturas indígenas norte-americanas.

De acordo com o livro “História dos Índios Choctaw, Chickasaw e Natchez”, de Horatio Bardwell Cushman, o termo “nahullo”, utilizado para descrever os homens brancos, surgira inicialmente para nomear uma raça de gigantes que rivalizava com os nativos.

Da mesma forma, os Comanches relatavam que haviam homens brancos de três metros de altura na região, no passado. A lenda encontra paralelos em diferentes mitologias de nativos norte-americanos, mas também aparece em contos de povos da América Latina.

Gigantes da Patagônia

Entre os anos de 1519 e 1522, o explorador português Fernão de Magalhães, durante sua viagem pelo mundo, foi levado até uma distante terra no extremo sul da América do Sul, onde sua expedição se deparou com uma visão inacreditável.

De acordo com relatos da expedição, ao se aproximarem da costa da Patagônia, os navegadores espanhóis testemunharam uma criatura de enorme estatura dançando e pulando nua na praia, enquanto jogava poeira em sua cabeça.

“O capitão Magalhães enviou um dos nossos homens ao gigante para que ele pudesse realizar as mesmas ações, como um sinal de paz. Feito isso, o homem levou o gigante a uma ilhota onde o capitão aguardava. Quando o gigante estava na presença do capitão e em nossa presença, ele ficou muito maravilhado e fez sinais com um dedo para cima, acreditando que tínhamos vindo do céu. Ele era tão alto que chegávamos apenas à sua cintura e ele estava bem proporcionado”.

Os exploradores deram comida e bebida a essa enorme criatura, e notaram que o gigante ficou absolutamente aterrorizado quando viu um espelho. Magalhães e seus homens fizeram contato com o resto da tribo da criatura, e lentamente estavam ganhando a confiança dos gigantes e até mesmo comendo e caçando com eles.

Segundo o relato dos exploradores, dois dos gigantes foram supostamente capturados, mas não sobreviveram à longa viagem de volta à Espanha.

Em 1579, Francis Fletcher também escreveu sobre esses gigantes, dizendo que eles tinham cerca de 3 metros de altura. Na década de 1590, o explorador Anthonie Knivet alegou que, durante seu tempo na Patagônia, havia visto alguns cadáveres dos gigantes que foram estimados em cerca de 3,6 metros de altura.

Outro explorador inglês, William Adams, afirmou que sua expedição foi atacada por nativos gigantes enquanto contornava a Terra do Fogo.

Em 1615, os navegadores holandeses Willem Schouten e Jacob Le Maire alegaram ter encontrado uma sepultura misteriosa que estava cheia de ossos e restos de seres estranhos que teriam cerca de 3,3 metros de altura e, em 1766, o relato do comodoro John Byron dizia que ele havia encontrado uma tribo de enormes nativos na Patagônia que mediam entre 2,4 metros e 3,6 de altura.

Gigantes da Amazônia

As histórias de gigantes amazônicos são conhecidas desde que os primeiros antropólogos fizeram contato com as tribos amazônicas há mais de cem anos.

Em 2013, o antropólogo britânico Russel Dement encontrou no Equador uma dúzia de esqueletos de 2 a 3 metros de altura datando dos anos 1400 a 1500 e, em um segundo local a cerca de trinta quilômetros de distância, na fronteira do Equador com o Peru, foram encontrados mais dois esqueletos datados de 1550.

Russel Dement disse que ouviu sobre a existência de uma raça de gigantes da Amazônia há mais de 25 anos, enquanto estudava as comunidades indígenas Shuar e Achuar, na Amazônia.

Os anciãos destas comunidades contavam uma história sobre pessoas muito altas e de pele clara que moravam nas proximidades. Eles os descreveram como pessoas pacíficas e gentis que sempre foram bem-vindas em suas aldeias.

Dement informou que dois dos esqueletos gigantes foram enviados para análise na Universidade de Freie, de Berlim, que financiou os trabalhos de escavação e pesquisa, enquanto os outros esqueletos permaneceram no Equador.

Um estudo preliminar indicou que todos os corpos eram relativamente saudáveis e não apresentam sinais de problemas do hormônio do crescimento, comuns na maioria dos casos de gigantismo.

“Em todos os esqueletos, as articulações pareciam saudáveis e as cavidades pulmonares eram grandes. Um dos esqueletos era de uma mulher que tinha pelo menos 60 anos quando morreu, muito mais velha do que o caso típico de gigantismo”, afirmou o antropólogo.