A pequena ilha situada a 3.700 km de distância da costa oeste do Chile, na América do Sul, é mundialmente famosa pelas centenas de estátuas gigantescas chamadas Moai, mas este não é o único mistério da Ilha de Páscoa.

A escrita Rongorongo foi descoberta pela primeira vez por Eugène Eyraud, um frade da Igreja Católica Romana, que foi para a Ilha de Páscoa como missionário em 1864.

 

“Em cada cabana encontram-se tábuas ou paus de madeira cobertos com vários tipos de caracteres hieroglíficos. São representações de animais desconhecidos na ilha, que os nativos desenham com pedras pontiagudas. Cada figura tem seu próprio nome, mas a pouca atenção que prestam a estas tábuas leva-me a pensar que estes caracteres, restos de alguma escrita primitiva, são agora para eles uma prática habitual que mantêm sem compreender o seu real significado”, escreveu Eyraud sobre sua descoberta de vinte e seis pedaços de madeira contendo as estranhas inscrições.

Os desenhos intrincados parecem ser glifos ou uma forma de escrita, mas seu significado nunca foi decifrado e permanece um mistério.

Alguns acreditam que a decodificação da escrita poderia oferecer respostas sobre o que causou o colapso da antiga civilização da Ilha de Páscoa.

Uma das tábuas Rongorongo.

O nome Rongorongo vem da língua Rapa Nui, que é a língua nativa da Ilha de Páscoa, e significa “recitar, declamar, cantar”.

Os glifos Rongorongo têm formato de humanos, animais, plantas e formas geométricas e segundo a tradição oral, as ferramentas utilizadas para fazer os símbolos eram pedaços de obsidiana ou pequenos dentes de tubarão.

A idade das tabuas é desconhecida, pois muito pouca datação direta foi feita, mas acredita-se que tenham surgido por volta do século 13, aproximadamente na mesma época do desmatamento da floresta.

No entanto, isto é meramente especulativo, uma vez que os habitantes da Ilha de Páscoa podem ter derrubado um pequeno número de árvores com o propósito específico de criar as tábuas de madeira.

Um glifo parece se assemelhar a uma palmeira e acredita-se que seja a palmeira da Ilha de Páscoa, que desapareceu do registro de pólen (Palinologia) da ilha em 1650, sugerindo que a escrita deve ser pelo menos muito antiga.

A tradução os glifos revelou-se uma tarefa muito difícil, pois existem três barreiras que dificultam a sua decifração: o número limitado de textos, a falta de ilustrações e outros contextos para compreendê-los, e a pouca compreensão da antiga língua Rapanui.

Alguns dos glifos Rongorongo.

Alguns acreditam que o Rongorongo não é uma escrita verdadeira, mas sim uma protoescrita, que é um conjunto de símbolos que transmitem informações sem conter qualquer conteúdo verdadeiramente linguístico.

De acordo com o Atlas da Linguagem, o Rongorongo “provavelmente foi usado como auxiliar de memória ou para fins decorativos, não para registrar a língua Rapanui dos ilhéus”.

Embora ainda não esteja claro exatamente o que o Rongorongo pretende transmitir, a descoberta das tábuas continua a ser uma chave importante para a compreensão das civilizações passadas da Ilha de Páscoa.

As imagens inscritas e bem alinhadas indicam que a antiga civilização da ilha tinha uma mensagem a transmitir, fosse uma exibição casual para fins decorativos ou histórias passadas de geração em geração.

Por enquanto, as tábuas continuam sendo mais um símbolo misterioso e indecifrável do passado da humanidade.